quarta-feira, 23 de maio de 2007

Às vezes é preciso deixar...

Não faço ideia se se trata dum problema de ambos os sexos, ou simplesmente de quem gosta. Certo é que as mulheres sofrem disso: da incapacidade de chegarem à conclusão que já chega!

Relações são levadas até extremos, embrenhadas em discussões e faltas de respeito, só porque, quando se ama, é difícil ver o que está mesmo à nossa frente, muitas vezes há já muito tempo.

Porquê lutar tão desesperadamente por um futuro que não tem passado que o justifique? Porquê querer um amanhã se nem sequer houve um hoje? Porquê querer mudar alguém que nem nunca tentou mudar por nós? Porque nos deixamos cegar e falhamos todos os sinais que estão sempre a berrar à nossa volta?

As mentiras, as coincidências mal explicadas, as traições, os esquecimentos, a frieza, a falta de interesse, a ausência de tema, a inércia de planos... tudo isso funciona como altifalante para os nossos sentimentos... pena é que estes sejam surdos que nem uma porta.

Assusta pensar que nos podemos entregar, sem reservas, a algo tão denso e doentio, só porque queremos uma vida cor-de-rosa com alguém... mesmo que não haja nada de cor-de-rosa no passado da relação que sirva de alimento a essas esperanças.



Acredito cegamente que toda a gente, sem excepção, tem a força interior e a capacidade de um dia, demore o tempo que demorar, seja necessário bater com a cabeça as vezes que for, de abrir os olhos, de sentir o clique, de ouvir a voz: "já chega, não dá mais"!

Ninguém gosta de perder, mas penso que desistir seja ainda mais frustrante. Mas na verdade, não se trata, nem duma derrota, nem duma desistência, mas sim da percepção que de facto não dá, que é preciso largar o sonho (ou pesadelo).

Quando percebermos isso, que é impossível lutar por alguém que, para ser sincera, nunca esteve lá, vamos finalmente compreender que o mundo não pára por isso, que aquela pessoa pode não fascinar-se por nós, mas que outras pessoas o fazem e, só por isso, já somos importantes.

Não podemos esperar que aquela pessoa goste de nós se essa for a condição única para gostarmos de nós mesmos. Aquela pessoa pode não admirar-nos, mas muitas outras o fazem. Porque não sentirmo-nos bem com isso? Porque não ver as coisas por outro prisma? O prisma que nos diz que somos boas pessoas, bonitas (por dentro e por fora), cativantes, inteligentes e interessantes.

Não se estima eternamente quem não nos valoriza. Não se pode dar a mão a quem nunca esteve lá para nós. Não podemos esquecer os nossos problemas e objectivos para viver os de outra pessoa. Não podemos fazer planos para quem não nos inclui no seu futuro. Não podemos pensar em quem nunca se lembra de nós. Tudo isto, muito lentamente, leva-nos a perder o nosso carácter e a questionar-nos sobre quem somos afinal.


Sei que, no dia que largarmos os sonhos inconcretizáveis.... (reformulando)... Sei que, no dia que formos capazes de aceitar que afinal não era um sonho, porque os sonhos são bons e fazem-nos sentir bem, seremos capazes de vermos a beleza nas coisas, e de nos aceitarmos como belos para quem nos estima.




3 comentários:

Lobka disse...

É importante ir tendo perspectiva das coisas, já que ao estarmos directamente envolvidas nelas é dificil sermos imparciais.
Acho que não tem mal pedirmos a alguém para mudar, mas não pode ser por nós, tem que ser por ele. E o contrário é tb verdadeiro.
E se a pessoa não quer mudar? Aceitamos? Se amamos, sim. Se amamos, não. Não se isso implicar que tu mudes algo que tb não queres mudar.
O mais importante é sentirmo-nos bem com a pessoa que somos, como dizes ao amar-mo-nos primeiro estamos a meio caminho para aceitarmos melhor quem nos ama tb.
Jokitas

Lolly disse...

"The greatest thing you'll ever learn is to love and be loved in return"... Sim, as frases feitas são a preguiça do discurso, mas há frases mestras, como esta. Frases que apetecem tatuar na pele para nunca nos esquecermos delas. Amar também se aprende, não haja dúvida: amar os outros e amarmo-nos a nós mesmas.
Deixar? E se em vez de pensarmos que estamos a deixar alguém, nos concentrarmos naquilo a que estamos a abrir as portas? Não podes perder o que nunca tiveste, e alguém que não reconhece o nosso valor, nunca foi verdadeiramente nosso*

Guizita disse...

Se o caminho mais fácil foi sempre lutar, e continuar a "ficar" com alguem que não nos valoriza...então está na hora, de experimentar o caminho mais difícil,que não significa que não seja o melhor,deixar aquilo que não nos faz bem!=)