quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Perdoar

Existe uma larga diferença entre perdoar e aceitar. Entre aceitar e calar. Entre calar e esquecer.
Todas as grandes relações (grandes no sentido temporal) são feitas de perdões dados aqui e ali: perdoa-se um gesto indelicado, um atraso, uma palavra mais dura, uma mentira, uma traição. Às vezes perdoa-se, de facto. Outras, perdoa-se porque não se quer perder, não se quer acabar já, não se quer interromper os bons momentos. Na maioria das vezes, diria que não existem verdadeiros perdões. São aqueles perdões de : ok, podes voltar, porque me fazes falta aqui ao lado, mas não vou esquecer o que fizeste.
Não é uma questão de castigar, é porque às vezes, muitas vezes, é impossível perdoar. Mesmo que a boca se controle, a cabeça está cheia de sinais de alerta, grandes néons vermelhos que se acendem quando olhamos para aqueles que perdoamos e que nos dizem: CUIDADO! PESSOA NÃO-PERFEITA!
Que as pessoas perfeitas fazem parte dos desenhos-animados, já todos sabemos. Mas por vezes preferimos esquecer. Arriscamos um "quase perfeito", um "ideal para mim", um "até dos defeitos gosto!".
NOTA 1: os defeitos que a início têm piada são os mesmos que, com o tempo, nos levarão à loucura!
A capacidade de perdoar é subvalorizada no nosso mundo. O perdão, mais que tranquilizar o perdoado, dá paz a quem perdoa. Deixar ir, esquecer, perdoar, tudo coisas fantásticas que podem conduzir a uma vida sem rancores e mágoas recalcadas que fechamos a sete chaves para não destruirem o nosso mundo, já cunhado de imperfeito, mas que ainda tem uns pózinhos de perlimpimpim a pairar sobre ele.
Só que nem todos sabemos perdoar. Traí e fui traída. Nunca perdoei. Nunca soube perdoar. Aceitei de volta, retomei relações, mas nunca fui capaz de dar o passo em frente, saltar por cima dos momentos de imperfeição e torná-los parte do passado.
NOTA 2: Erros de um momento podem tornar-se erros para sempre.
E, acreditem, gostava de saber perdoar. Estar imbuída desse espírito cristão e perdoar a sério, sem mãos atrás das costas com dedos cruzados, nem letreiros luminosos a atormentar a consciência. Não adianta de nada receber de volta quem nos magoou se não soubermos perdoar, porque é adiar o certo, e viver momentos de pura frustração.

Acho que faziam falta uns cursos de perdoar. Como existem os de bricolage e jardinagem, o curso de perdoar teria muitos interessados, dispostos a gastar milhões para aprender a fazer uma coisa que talvez ninguém nos possa ensinar.
Eu gostava de saber perdoar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Kd encontrares um sitio onde haja esse curso diz, pk eu vou!!! Dava mm jeito tirar estes gorilas da cabeça lool so xateiam!!! :/

Anónimo disse...

sempre adorei a tua maneira de escrever =) **

Anónimo disse...

axu k tens tda a razao...tbm gostva d sber perdoar,kem nos magoa a serio...mas conclusao,TBM N SEI PERDOAR....